O Poti mapeou os principais problemas de
locomoção de Natal e mostra como eles infernizam a vida da população
Sérgio Henrique Santos // sergiohenrique.rn@dabr.com.br
Sérgio Henrique Santos // sergiohenrique.rn@dabr.com.br
R eza a tradição que dez pragas assolaram o Antigo Egito: águas que se transformaram em sangue, rãs por toda parte, piolhos, moscas, peste nos animais, úlceras nos homens e animais, chuva de pedras e gafanhotos, trevas por três dias e morte do primogênito do Deus Faraó. Gafanhotos à parte, Natal também vive as suas pragas em uma área específica: a mobilidade urbana. Um problema que diz respeito ao enfrentamento diário por que passam os moradores da capital potiguar perante a carência de infraestrutura adequada para necessidades básicas como ir e vir.
![]() Crescimento da frota e falta de investimentos são algumas das causas da crise |
O Poti/Diário de Natal listou e explica os principais problemas de mobilidade em Natal. Contamos com a ajuda de vários colaboradores. Ouvimos órgãos públicos e, principalmente, a população, além de um especialista, que coordena um grupo de estudos sobre mobilidade de Natal. Escolhemos sete natalenses, de bairros e idades diferentes, com ocupações também diferentes, relacionadas com a praga a que são obrigados a enfrentar. Todos têm relatos sobre a rotina de uma matemática diretamente proporcional: a quantidade de afazeres no cotidiano é tão grande quanto os inúmeros problemas que têm para contar.
O conceito de imprudência inclui o desrespeito às normas de trânsito e entre condutores. "Quando você é imprudente, você assume o risco de fazer uma conduta errada que pode resultar num acidente. E esse é um conjunto de fatores que desemboca no número alto de acidentes", destaca o inspetor Everaldo Morais, da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Desde que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) foi aprovado, em 1997, as regras se tornaram mais rígidas: mudança de faixa sem aviso prévio, ultrapassagem indevida, falta de distância de segurança, colisões traseiras, excesso de velocidade ou velocidade incompatível com o local onde está trafegando, entre outras.
"Ainda assim, o que observamos é o menosprezo a essas normas. Qualquer cidadão que observe o trânsito por pelo menos 10 minutos vai observar várias infrações". O fator complicador, no caso da imprudência, é a chuva. "Em condições climáticas adversas, muitos ao invés de diminuir a velocidade, aumentam, usam a contramão em perímetro urbano. Enfim, a conduta do motorista ao volante é muito importante".
Existem em Natal 160 pontos de alagamentos, grande parte em locais onde há drenagem e a água demora a escoar.
Jair Jefferson, inspetor
Os buracos de Natal se concentram, em sua maioria, nos asfaltos com mais de 20 anos. A avenida Bernardo Vieira é um exemplo de via que se desgasta por causa do grande volume de carros que trafega diariamente. Por lá trafegam veículos pesados e a frenagem e arrancada nas paradas criam atritos que são ruins para a vida útil do asfalto. "As vias que não receberam recapeamento recentemente estão se desgastando tanto pelas intempéries quanto pelo tráfego contínuo e pesado", afirmou Caio Pascoal, secretário-adjunto de operações da Semopi, que cuida das obras públicas e infraestrutura da capital.
De forma provisória, há três semanas foi iniciada uma operação tapa-buracos em Natal. São entre 40 e 50 toneladas por mês de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), aplicado com 160 graus, especialmente onde já é visível o paralelo da via (paralelepípedo). Segundo o secretário, a recuperação de vias não é algo difícil de ser feito, "não é uma coisa do outro mundo", mas um recapeamento mais completo requer investimentos maiores. Para isso Natal pretende iniciar, em agosto, um convênio com o Ministério das Cidades. Serão R$ 10,5 milhões em investimentos.
Alagamentos
No período de inverno o número de buracos aumenta consideravelmente, ocasionando outro tipo de problema: os alagamentos. Em geral isso é agravado pelo aumento da impermeabilização do solo, ocasionado pela construção de prédios, casas e pontos comerciais. O sistema fica, literalmente, afogado. "Ao invés de ser absolvidas nos terrenos, aumenta a quantidade de água a ser captada pelo sistema de drenagem. São mais de 50 lagoas de captação e não dão conta", revela Caio Pascoal.
Antônio dos Santos, perito
A falta de estacionamento, que há alguns anos era problema localizado em bairros como Cidade Alta e Ribeira, hoje se alastrou. A dificuldade tem duas razões: a média de crescimento anual da frota de Natal de 11.981, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), faz com que a capital já tenha 314.547 veículos circulando. Como o espaço físico do município não aumenta na mesma proporção, a tendência é que se criem gargalos, com a falta de lugar para deixar o veículo.
Para Haroldo Maia, secretário-adjunto de trânsito da capital, os polos geradores de tráfego como shopping e instituições de ensino, precisam ter soluções diferentes de obras que provoquem intervenções urbanas. "Obra de engenharia nenhuma dá solução porque o espaço físico é constante. Tudo que for feito será apenas um paliativo, porque com o tempo o problema voltará, especialmente pelo aumento da frota", argumentou.
Um dos paliativos criados foi o projeto Via Livre, implementado em cinco avenidas da capital. No entanto, o que impede oavanço do Via Livre para outros pontos é a falta de pessoal para fiscalizar os infratores que estacionarem nas faixas amarelas. "Temos apenas 80 fiscais de trânsito e 150 de transporte, que trabalham por escala. Sem fiscalização, os motoristas não respeitam". Natal está longe da meta recomendada pelo Código de Trânsito Brasileiro: um agente para cada mil veículos.
João Sobrinho, eletricista
Infrações detrânsito
2011:
30.209 motoristas
2010:
90.055 motoristas
2009:
131.654 motoristas
Fonte: Semob
Estacionamento emcalçadas
2011: 742 multas
2010: 2.464 multas
2009:2.444 multas
Fonte: Semob
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