Rilder Campos: do sofrimento à solidariedade

A ajuda que teve para tratar do filho doente nos EUA o inspirou a criar a Casa de Apoio à Criança com Câncer

Era 19 de outubro de 1994. Rilder Campos levou o filho Fernando, de apenas 1 ano e meio de idade, para um exame no oftalmologista. Mas o que ele acreditava ser um exame de rotina se transformou em um divisor de águas em sua vida. Fernando estava com retinoblastoma, popularmente conhecido como câncer na retina, e teria de fazer uma cirurgia para retirada dos olhos. O diagnóstico do filho mudou radicalmente a vida do empresário. Ele largou a empresa de informática da qual era proprietário e viajou com Fernando para Filadélfia, em busca de tratamento para o filho.

Quando não está trabalhando, ele se dedica aos filhos: Clara, 23 anos, e Fernando, 18 anos: "tenho verdadeira admiração pelos dois" Foto:Carlos Santos/DN/D.A Press

Foram três viagens à cidade americana. Para acompanhar o tratamento da criança, ele se hospedou no Instituto Ronald Mc Donald, que dá apoio a crianças e jovens com câncer. "Em uma dessas viagens, meu sogro nos acompanhou e lá ele propôs de montarmos um lugar como esse, para dar apoio às crianças e às famílias de pacientes com câncer, em Natal", conta Rilder. O câncer de Fernando avançou e ele passou por uma cirurgia para a retirada dos olhos. Quando afamília retornou dos Estados Unidos uma casa já havia sido comprada para a instalação da Casa de Apoio à Criança com Câncer (CACC).

Hoje, Rilder é presidente da Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer, trabalho que ele desenvolve voluntariamente há 16 anos. A empresa de informática de sua propriedade foi fechada e, nos últimos anos, paralelo ao trabalho na CACC, ele ocupou cargos públicos em diversos órgãos, como o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Secretaria Municipal de Turismo e, por último, foi coordenador geral do Centro de Reabilitação Infantil (CRI).

A experiência no terceiro setor, nesses 16 anos atuando na CACC, fez com que Rilder mudasse seus horizontes profissionais. Com a visibilidade do trabalho desenvolvido na Casa, ele começou a ser convidado para dar palestras em vários estados do país e percebeu aí uma oportunidade de negócio. "O terceiro setor se profissionalizou muito e eu abri uma empresa de consultoria especializada nessa área. Hoje viajo o país inteiro para auxiliar naorganização e estruturação de organizações não-governamentais", diz. A ETS Consultoria atualmente conta com clientes em 11 estados do país. Além disso, Rilder acumula também o cargo de presidente nacional das Casas de Apoio à Criança com Câncer. "É um reconhecimento ao trabalho que desenvolvemos aqui na Casa Durval Paiva. A gente acabou se tornando uma vitrine para as outras Casas", conta.

Quando não está trabalhando, Rilder se dedica aos filhos. Além de Fernando, hoje com 18 anos, ele é pai de Clara, 23. "Meus filhos são maravilhosos, são grandes amigos, e eu adoro estar com eles. Sou apaixonado pelos meus filhos, tenho verdadeira admiração pelos dois. São jovens batalhadores, responsáveis, estudiosos, que têm os pés no chão. É uma verdadeira dádiva ter filhos como eles". Das lições que aprendeu com o problema de saúde do filho, Rilder destaca uma: "Quanto mais a gente dá, mais a gente recebe. Hoje eu percebo isso diariamente na Casa. Esse trabalho é o combustível da minha vida, o que a gente realiza não tempreço e isso me faz muito bem. É o que me ajuda a enfrentar a vida com coragem e determinação".