segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um gol inesquecível

Ex-atacante Zé Ivaldo relembra um dos gols mais bonitos da era Machadão
Luan Xavier // luanxavier.rn@dabr.com.br



"Aí Mingo veio, pela linha de fundo, ali pela esquerda, aí cruzou. Quando ele cruzou, eu peguei de primeira, de esquerda (silêncio). O campo estava lotado naquele dia, viu?!". O relato emocionado é de José Ivaldo de Medeiros, de 41 anos, comerciante. Exatamente há 15 anos atrás ele era apenas Zé Ivaldo, atacante do time do América de 1996, que conseguiu o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. O fato trata de um momento que está - e assim ficará - guardado na memória dos amantes do futebol potiguar: o gol antológico contra o Náutico, aos 38 do segundo tempo, que garantiu o time rubro na segunda colocação do quadrangular final da Segunda Divisão daquele ano e carimbou o passaporte do América rumo à Série A de 1997. Tranquilo, de andar acanhado, Zé Ivaldo não passa despercebido aonde vai. O assunto, claro, não poderia ser outro a não ser o gol, digno de placa, na trave à direita das cabines de rádio do estádio Machadão.


Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press
Se fosse hoje, o Brasil inteiro poderia ter conferido na hora. Na época, apenas os torcedores do time do Recife, que assistiam ao vivo em sua cidade a partida entre América e Náutico naquele 24 de novembro de 1996, e os pouco mais de 15 mil torcedores que estiveram no estádio puderam ver o único, porém mais que suficiente, gol daquela tarde de domingo. E se o Brasil inteiro tivesse visto na hora, na opinião de Zé Ivaldo, a história poderia ter sido bem diferente. "Se fosse hoje seria mais fácil, a repercussão seria bem maior. Com certeza teria aparecido algum time de maior expressão nacional interessado em me levar", diz. Por aqui, restou a quem vivenciou o que muitos chamam de "pintura" contar aos que perderam o inesquecível gol. E histórias não faltam. Exageros, tampouco. Mas nenhuma das versões é mais inebriante que a narração de Hélio Câmara, propagada pelas ondas do rádio e eternizada na memória e no acervo pessoal de muitos torcedores.

Aquele time de Moura, Biro Biro, Mingo, Gito, Cícero Ramalho e companhia ainda hoje está na memória de Zé Ivaldo.Assim como o gol inesquecível. "Com certeza foi o mais bonito da minha carreira", comenta. O jeito simples não esconde no rosto de Zé Ivaldo a saudade de um tempo que não volta mais. Dizendo que o esporte mais praticado no país hoje em dia é bem diferente de alguns anos atrás, o "homem do gol mais bonito do Machadão", como alguns dizem, fala sobre um tempo onde o jogador buscava mais a vitória que o dinheiro. "Naquela época era muito bom. Aquele grupo do América era bem unido, bem amigo, todo mundo querendo vencer no futebol e na vida", lembra.

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