quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sobrevivente está sem assistência


Familiares denunciam que vítima de acidente na Bernardo Vieira não está recebendo a ajuda prometida por empresa
Paulo de Sousa

Familiares de Ana Lúcia dos Santos, 36 anos, sobrevivente do acidente com o ônibus da Oceano Transportes, ocorrido na Avenida Bernardo Vieira no último sábado, reclamam de que a vítima não tem recebido a assistência prometida pela empresa. De acordo com sua irmã, a operadora de telemarketing Francisca Maria dos Santos, 33, Ana Lúcia está com um edema pulmonar devido ao trauma do acidente e a família teve de comprar um remédio para aliviar a dor por conta própria. A paciente está internada no corredor do setor de politrauma do Hospital Walfredo Gurgel. Duas de suas irmãs, Marluce Araújo dos Santos, 38, e Maria Gorete dos Santos, 40, morreram no acidente, além da estudante Isabela Cristiane Avelino de Oliveira, 18.

Segundo a polícia, o motorista Almício Pablo conduzia um ônibus da empresa, fazendo a linha intermunicipal Extremoz/Natal, quando avançou o sinal vermelho no cruzamento da Bernardo Vieira com a Rua dos Pêgas, atingindo um Ford Fiesta, que estava parado no acostamento. Segundo a mulherdo acusado, ele teria desmaiado e perdido o controle do veículo. Francisca Maria diz que logo após o acidente a Oceano Transporte teria dito à família que iria prestar toda a assistente à irmã internada no HWG. No entanto isso não estaria ocorrendo.

A operadora de telemarketing afirma que tiveram que comprar um analgésico com o próprio dinheiro, pois sua irmã precisava dele com urgência e esse estaria em falta no hospital. "Quem nos deu assistência foram nossos amigos. Queríamos que a empresa a tirasse do Walfredo e a levasse para um hospital particular, pois ela está sendo atendida nos corredores, sofrendo de dificuldades para respirar, e precisa de uma maior atenção". O estado de saúde de Ana Lúcia é estável e ela está consciente.

A família das vítimas do acidente pedem ainda que não haja violência nos protestos que as pessoas têm promovido na Av. Bernardo Vieira. "Nós queremos justiça e que o motorista do ônibus seja responsabilizado, permanecendo preso. Mas não incentivamos que as pessoas joguem pedras contra os ônibus, como fizeram no último protesto [ocorrido na tarde da segunda-feira]".

A empresa Oceano Transporte comunicou, por meio de sua assessoria, que não se pronunciará mais sobre o acidente, até que sejam concluídas as investigações sobre o caso. Já a assessoria do HWG diz que a família foi informada erroneamente de que o medicamento Tramal estaria faltando na unidade, o que não ocorre. E justificou ainda a internação de Ana Lúcia nos corredores por não haver vaga na enfermaria do hospital.

Desrespeito

Moradores das proximidades do local onde ocorreu o acidente, nas Quintas, Zona Oeste de Natal, relatam que a sinalização não é respeitada por motoristas de ônibus. A reclamação é de que esses profissionais frequentemente ultrapassam o sinal vermelho e andam pelo trecho em alta velocidade.

A auxiliar de escritório Rayanne Kethleen Dantas de Lima, 18 anos, mora próximo ao local do acidente e conta que alguns dos motoristas têm o costume de ultrapassar o cruzamento no sinal vermelho. Outro grave problemaé a alta velocidade. "Eles passam correndo por aqui. Eles já vêm com velocidade desde o viaduto da Urbana. E, muitas vezes, vêm tão depressa que não conseguem parar na parada. Eles passam direto e só param na próxima. Fazem isso só para não ficar no sinal".

O produtor cultural Jailson Soares, da ONG Natal Agora, disse que a organização entregou um estudo à Semob sob a possibilidade de se construir uma lombada nas proximidades do cruzamento, obrigando os motoristas de ônibus a reduzir a velocidade ao chegar no trecho. "Assim evitaríamos novas vítimas como a desse acidente".

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