Durante coletiva, representantes das corporações evitaram relacionar crime à Operação Hígia
Jussara Correia // jussaracorreia.rn@dabr.com.br
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Foi num tom confiante que as polícias Federal e Civil falaram sobre o andamento das investigações envolvendo a morte do empresário e advogado Anderson Miguel, assassinado na última quarta-feira, em seu escritório, no bairro Lagoa Nova. Representantes das duas instituições concederam entrevista coletiva na tarde de ontem, na sede da Polícia Federal, e anunciaram que estão trabalhando juntas na apuração do crime. Segundo o superintendente da Polícia Federal do RN, Marcelo Mosele, ainda é cedo para falar de uma possível ligação entre o caso e o processo oriundo da Operação Hígia, no qual Anderson era réu. A Operação apura suposto esquema de desvio de verba pública e fraude em licitações nos contratos de higienização hospitalar e locação de mão-de-obra, na gestão da ex-governadora Wilma de Faria.
![]() Delegados informaram que serão instaurados 2 inquéritos para apurar homicídio. Foto: Divulgação/PF/D.A Press |
Os delegados Elton Zanatta, da Polícia Federal e Marcus Vinícius, da Polícia Civil, foram designados para comandarem as equipes que trabalham no caso. Segundo Zanatta, que esteve no local do crime, Anderson foi surpreendido pelo assassino e não teve tempo de se defender. "Ele foi encontrado sentado na cadeira de sua mesa. Não havia marcas de luta corporal", afirmou. Quando questionado sobre o número de tiros que atingiram o empresário, o delegado afirmou que não era possível informar, pois até o fechamento desta edição, o laudo da perícia do Itep não estava concluído. "Acho que ele deveria se apresentar, ou então nós iremos buscá-lo", disse o delegado Zanatta, se referindo ao assassino de Anderson. Participaram, ainda, da entrevista o delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério da Silva e o titular da Secretaria Estadual de Segurança, Aldair da Rocha.
Liberado
Até o momento, as polícias colheram depoimentos e algumas provas, no entanto, não informaram detalhes sobre as buscas, alegando que pode ser prejudicial às investigações. De acordo com a Polícia Federal, o homem que foi detido no bairro Planalto, logo após o crime, dirigindo um veículo semelhante ao que foi usado pelo assassino de Anderson, não foi reconhecido pelas testemunhas e, depois de ser interrogado na sede da PF, foi liberado. O suspeito de ter atirado no empresário tem aproximadamente 1,70 m de altura e cerca de 25 anos. As informações são da Polícia Federal, com base na convergência dos depoimentos colhidos junto às testemunhas ouvidas.
Saiba mais
A Operação Hígia foi deflagrada pela Polícia Federal em junho de 2008 e na ocasião foram cumpridos 13 mandados de prisão e 42 buscas e apreensões no RN e na Paraíba. Com base nas denúncias feitas pelo Ministério Público Federal, o filho da ex-governadora Wilma de Faria, o advogado Lauro Maia, exercia forte influência nos órgãos do estado, favorecendo os interesses das empresas envolvidas em um suposto esquema de fraude em licitações e desvios de verbas públicas na área de higienização hospitalar e locação de mão de obra.
Durante seu depoimento ao juiz federal Mário Jambo, Anderson Miguel disse que pagou R$ 3 milhões em propina para que fossem facilitados os pagamentos do contrato firmado entre sua empresa, A&G Locação de Mão de Obra e a Secretaria Estadual de Saúde. Entre as pessoas delatadas por Anderson estão o ex-secretário da Casa Civil e de Planejamento, Vagner Araújo e o ex-deputado Wober Junior, na época chefe do Gabinete Civil.
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