quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pitimbu: impactos visíveis

Reportagem do DN constata problemas ambientais no rio Pitimbu, como poluição e diminuição do volume
Alex Costa

Moradores comprovam: o rio Pitimbu está a cada dia mais assoreado. O impacto da queda de parte da BR-101 torna ainda mais visível os prejuízos. Além da diminuição de sua largura, o Rio Pitimbu apresenta um grande volume de construções ao longo de sua extensão, além de lixo que compromete a sua saúde. A reportagem do Diário de Natal visitou ontem pela manhã diferentes trechos do rio para verificar as transformações relatadas pelos ambientalistas.


Em Cajupiranga, dos três dutos que canalizam a água, dois estão obstruídos Foto:Fotos: Fábio Cortez/DN/D.A Press
A primeira parada foi no bairro Planalto, próximo à linha do trem, tendo sido o local mais próximo à nascente, localizada em Macaíba, a ser observado. O rio parecia parado, com muita vegetação, composta na sua maioria por aningas e vitórias régias. Diolando Félix, 16, é morador do bairro e leva gado para pastar às margens do Pitimbu. O adolescente contou que notou uma visível diminuição na largura do rio e que agora o gado precisava entrar no local onde antes o rio chegava.

Logo depois, já no bairro Cidade Satélite, o caminho para se ter acesso ao rio estava bastante poluído. Vestígios de sacolas plásticas e lixo doméstico denunciavam que pessoas depositavam os resíduos no Pitimbu. Às margens estavam Souto Costa, 26, e Santos Azevedo, 20, coletando minhocas para pescaria. "Está mais estreito, sim, o rio. E com menos profundidade, o que mostra que, sem dúvida, houve assoreamento", declarou o mais velho. Atravessando a BR-101 a situação não é diferente. O rio está ainda mais estreito, no trecho sob a estrada de Cajupiranga. Dos três dutos que canalizam a água, dois estão obstruídos com entulho contendo pedaços de tijolos e telhas de construções, sendo a água forçada a passar pelo último duto. Próximo à Avenida Maria Lacerda, na Rua Gandhi, está a recém construída lagoa de captação de águas pluviais, que não tem retido todos os resíduos de lixo que entram pelo canal e deságuam no Pitimbu.

Desvio de curso
Segundo informações da geóloga Rosemeire Dantas, presidente da ONG Nature Viva Mangue, as construções feitas em diferentes bairros ao longo do curso provocam distúrbios no leito do rio, comprometendo a sua velocidade normal e provocando o adensamento de sedimentos no fundo do rio. "Dessa maneira, o Pitimbu corre o risco de diminuir sua densidade ao longo dos anos, uma vez que o seu curso, que deságua na lagoa, vem sofrendo interrupções ao longo do seu trajeto natural". Ela vem realizando um estudo sobre os prejuízos sofridos pelo rio e declara guerra aos investimentos imobiliários que possam deturpar a saúde do rio. "O rio está sofrendo, e com ele o ecossistema e nós também".

SAIBA MAIS

O rio Pitimbu, que tem sua nascente no município de Macaíba, corta diferentes bairros de Natal e Parnamirim, sendo essencial para a vida dos moradores ribeirinhos que dependem da agricultura e da pecuária, além de ser um importante controlador da temperatura das cidades por onde ele passa. As águas do Pitimbu deságuam na Lagoa do Jiqui, importante reservatório de água potável, no município de Parnamirim.

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