Natal parou. No Centro da cidade os manifestantes interromperam por quase duas horas o trânsito da avenida Rio Branco. Na zona Norte, as vans fecharam a Ponte de Igapó. Estudantes, representantes do transporte alternativo, servidores e terceirizados do município realizaram, na manhã de ontem, manifestações em diversos pontos da cidade em alusão ao ‘Dia Municipal de Lutas’. O movimento tem o objetivo de reivindicar melhores condições de vida, estudo e trabalho para a população natalense.
alex régis
Com várias faixas, os manifestantes interromperam o trânsito e impediram a passagem em Igapó
As manifestações começaram por volta das 8h, na zona Norte quando 70 vans tomaram uma faixa da Ponte de Igapó – sentido zona Norte / Centro. O trânsito ficou lento e o congestionamento se estendeu até à área de lazer do Panatis.
Em meio à reclamação dos motoristas e passageiros, manifestantes furaram o pneu de um ônibus e discutiram com a população que se mostrou contra o ato público dos alternativos. Policias militares e de trânsito escoltaram a carreata dos alternativos para evitar transtornos, mas sem sucesso.
A movimentação dos permissionários deixou um rastro de congestionamento por onde passou. Na avenida Coronel Estevam (av. 9) os 70 alternativos fizeram um buzinaço para atrair a atenção de quem estava na rua. Vários populares, insatisfeitos com o aumento da tarifa de ônibus, gritaram palavras de ordem e criticavam a prefeita Micarla de Sousa.
A categoria discorda da unificação da bilhetagem eletrônica proposta pela prefeitura. Eles alegam que com esse tipo de sistema serão prejudicados, pois seria do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Natal (Seturn) a responsabilidade de administrar os recursos recebidos pela compra das passagens.
“O sistema não foi unificado, a prefeita está enganando a população. Eles querem que o cartão de passagem tenha dois chips – um para os créditos dos ônibus e outro dos alternativos. A gente quer um cartão com apenas um chip, onde os passageiros coloquem crédito para utilizá-lo nos dois transportes. Além disso, o Seturn vai administrar o dinheiro das passagens. Isso não é certo”, disse o presidente Sindicato dos Permissionários dedo Transporte Opcional do Rio Grande do Norte (Sitoparn), Nivaldo Andrade.
Ainda segundo o sindicalista, o Sitoparn tentou se reunir com a prefeitura para discutir a respeito desse modelo de unificação, mas apenas uma das cooperativas – Transcooper – foi ouvida pelo município. “Não se pode baixar um decreto ouvindo apenas um dos interessados. Todos deveriam ter participado da criação do Sistema Automatizado de Bilhetagem Eletrônica (Sabe) e não apenas uma cooperativa”, disse Andrade.
Engarrafamentos se formam em vários pontos da cidade
Por volta das 11h, a carreata dos alternativos se encontrou com estudantes, servidores e terceirizados do município que estavam em frente à sede da Prefeitura, no Palácio Felipe Camarão, protestando contra o aumento da passagem de ônibus; a denúncia contra a demissão dos trabalhadores da Ativa e o atraso nos salários dos funcionários do Meios.
Com faixas e bandeiras representantes dos sindicatos da Saúde, dos Professores e de outras categorias os manifestantes reclamavam do que eles chamaram de descaso com o povo de Natal. Depois de deixar a frente da Prefeitura, os manifestantes interromperam durante mais de uma hora e vinte minutos o trânsito na Avenida Rio Branco na altura da Ulisses Caldas, provocando um grande engarrafamento.
Às 11h30 quando, os manifestantes interromperam o tráfego, com palavras de ordem contra a prefeita Micarla de Sousa e seu vice, Paulo Freire. Sem entender nada, os motoristas e passageiros de ônibus iam deixando perplexos os veículos para perguntar o que estava acontecendo. Só os motoristas, de cerca de 20 alternativos, não pareciam curiosos. “Estávamos sabendo disso desde ontem”, disse um dos motoristas de van.
Vinte Policiais Militares observavam de perto a manifestação, sem interferir, enquanto na Tavares de Lira cerca de 20 homens do Batalhão de Choque da PM (Patamo) aguardavam alguma convocação. “Só temos ordem de interferir se houver danos ao patrimônio público”, disse o capitão Albuquerque.
Segundo o coronel Silva Júnior, comandante do 1º Batalhão da PM, 200 homens foram deixados de sobreaviso para manter a segurança ontem no entorno do Palácio Felipe Camarão. Ao ouvir a queixa de motoristas, o coronel se limitava a responder que nada poderia fazer. “Se nós tirarmos esse pessoal daqui certamente seremos responsabilizados por qualquer incidente”, argumentou.
Enquanto isso, centenas de motoristas e passageiros de ônibus deixavam os veículos. José Gonçalves, corretor de imóveis, reclamou que estava perdendo um negócio naquele momento. “Eu estava indo para a Caixa na Zona Norte e fui pego de surpresa”, disse.
O autônomo José da Silva deixou parentes esperando numa clínica da Ribeira. “Eles estão lá me esperando”, lembrou. Mas o caso do assessor administrativo Alexandre Valente foi mais grave. Com um filho de três anos à bordo, ele teve que pedir socorro para retirar a criança do carro e lavar para casa. “A sorte é que eu moro no centro da cidade”, disse.
O capitão Silva Júnior, da PM, lembrou que socorreu uma pessoa que passou mal. “Tiramos ela daqui na viatura”, disse. José Ferreira da Silva, motorista do ônibus da linha 44 (Cidade Satélite) mostrou um dos pregos que furaram os pneus do coletivo. “Foi um cabeludinho de barba que fez isso”, denunciou.
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