quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Auditoria constata queda na receita de estacionamento


Uma auditoria nas contas do que era arrecadado com o estacionamento pago na Central de Abastecimento do Rio Grande do Norte (Ceasa/RN), operado pela empresa Preservice, revelou uma queda de 90,43% na receita. Mais de R$ 170 mil podem ter sido desviados, entre os meses de junho e novembro do ano passado, para um tipo de “Caixa 2” autorizado pelo próprio diretor da Ceasa/RN naquele período, Múcio Navarro Ribeiro Dantas.

emanuel amaralFaturamento médio com o estacionamento da Ceasa, entre janeiro a maio de 2010, foi de R$ 31,3 mil/mêsFaturamento médio com o estacionamento da Ceasa, entre janeiro a maio de 2010, foi de R$ 31,3 mil/mês
O faturamento médio com o estacionamento da Ceasa/RN, entre os meses de janeiro a maio de 2010, foi de R$ 31,3 mil/mês. Em junho, na prestação de contas oficial com a Ceasa/RN, o faturamento caiu para R$ 2,9 mil e se manteve nesta média até dezembro. O presidente contratou uma auditoria nas contas à empresa pernambucana CASS. O objetivo era detectar erros e possíveis desvios dos recursos auferidos com as taxas de estacionamento.

A primeira surpresa veio com a constatação de que as diferenças surgiram a partir de medidas adotadas na gestão do próprio Múcio Navarro, que assumiu o cargo junto com o governador Iberê Ferreira de Sousa, em abril.   O então secretário estadual de Agricultura, Francisco das Chagas Azevedo, recomendou que a Comissão de Sindicância criada para apontar possíveis irregularidades no relatório da CASS, disponibilizasse atenção especial ao destino – Diretoria Financeira, Presidência e Tesouraria – dos valores arrecadados pela terceirizada Preservice.

Em 21 de dezembro de 2010, a empresa foi comunicada de que deveria prestar esclarecimentos relativos aos valores arrecadados no estacionamento num prazo máximo de 24 horas. Em resposta, a empresa enviou um relatório no qual descreve os valores arrecadados durante o período em questão e o destino de cada parte do valor. Salienta, entretanto, que os valores eram repassados diretamente à Tesouraria da Ceasa/RN, exceto em caso de contra ordem da presidência do órgão.

 Ainda de acordo com o documento, o então presidente Múcio Navarro, argumentando que deveria realizar alguns pagamentos com certa urgência, expediu ordens para que a Preservice entregasse os valores arrecadados a diferentes pessoas, além da Tesouraria da Ceasa/RN.

Segundo o gerente geral da Preservice, Francisco das Chagas de S. Ribeiro, em seu relatório, por ordem de Múcio Navarro, foram entregues valores a um funcionário da Ceasa/RN por nome de “Tarcísio” (sem sobrenome e função especificada) e ao diretor financeiro “Douglas”. Em julho, o diretor financeiro informou que o dinheiro deveria ser entregue diretamente na tesouraria. No mês seguinte, Múcio Navarro solicitou que os valores fossem repassados à diretoria financeira. A partir de 14 de setembro, Múcio nomeou o funcionário José Pereira Diniz como o coletor diário da arrecadação na portaria da Ceasa/RN.

Os citados no relatório foram procurados pela TN dentro da Ceasa ontem pela manhã, mas não foram encontrados. Através da assessoria de comunicação da Ceasa/RN, o atual diretor, José Adécio Costa, afirma que não irá se pronunciar sobre as denúncias de desvio de verbas até que analise por completo o documento recebido.   Além disto, as exonerações dos funcionários citados não foram confirmadas. De acordo com comentários de funcionários que pediram sigilo, o caso será levado ao MPE para que seja investigada a legitimidade do desvio de verbas e a ligação deste caso com o financiamento da campanha de Iberê Ferreira.

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