A maioria é de agricultores que reivindicam compensações sociais e financeiras da Foz do Chapecó Energia S.A.
Darci Debona | darci.debona@diario.com.brDesde às 7h30min desta terça-feira, pelo menos 200 agricultores estão bloqueando a entrada pelo lado catarinense da Usina Hidrelétrica de Foz do Chapecó, em Águas de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina. Eles reivindicam compensações sociais e financeiras da empresa Foz do Chapecó Energia S. A., concessionária da hidrelétrica, pelo impacto da obra.De acordo com um dos coordenadores do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Rudinei Cenci, cerca de 600 famílias ainda têm alguma pendência não resolvida. Ele afirmou que, em julho do ano passado, o movimento esteve no local e a empresa comprometeu-se a resolver tudo. No entanto a situação não teria evoluído.
— Está tudo parado — disse, citando projetos de compensação para os pescadores e de reestruturação das comunidades que foram impactadas pela obra.
Além disso, há pessoas que não foram consideradas atingidas. O agricultor Sebastião Tomé, de Alpestre (RS), diz que sua mulher nasceu na área atingida e ele é arrendatário no local desde 2005. Tomé chegou a morar em uma escola durante quatro meses, e agora está em uma casa que fica na estrada do interior, pois não tem para onde ir.
O pescador Edemar Wilke disse que antes da barragem ele conseguia tirar R$ 2 mil por mês com seu trabalho. Agora, não passa de R$ 500. Ele destacou que o desvio do rio por túneis praticamente secou o leito do rio Uruguai em um trecho de seis quilômetros, onde pescavam, e restringiu a atividade em mais 12 quilômetros, onde o nível baixou e formou corredeiras, o que impede a pesca por determinação legal.
Veronica Terezinha Rubert, moradora de Volta Grande, em Alpestre, disse que o número de moradores da comunidade baixou de 150 para 100. Com isso, o ônibus que passava todos os dias agora faz o trajeto apenas uma vez por semana. Ela reclama ainda que sua casa e outras estão com rachaduras provocadas pela detonação da obra. A mulher pede que a empresa concessionária invista na reestruturação da comunidade, como compensação pelo impacto.
A Polícia Militar de Chapecó está desde o início da manhã no local para impedir que os manifestantes entrem na usina. A assessoria de imprensa da Foz do Chapecó informou que as reivindicações são as mesmas e que a empresa está desenvolvendo um projeto de compensação para os atingidos. A empresa diz que está aberta ao diálogo, mas impõe como condição a liberação do tráfego na entrada bloqueada. A operação da usina está normal, mas a entrada no local ocorre somente pelo lado gaúcho.
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