
O governo japonês admitiu ontem pela primeira vez que a situação na
central nuclear de Fukushima Daiichi, danificada pelo sismo de
sexta-feira, está "fora de controlo" e os Estados Unidos e a Agência
Internacional de Energia Atómica (AIEA) preparam-se para enviar material
de apoio e equipas para avaliar a situação no terreno.
O secretário de Estado norte-americano da Energia, Steven Chu, disse ao Congresso que está a preparar o envio de equipamento para medir o nível da radiação libertada pelos seis reactores da central, onde ontem se registou um novo incêndio. Questionado sobre a actuação do governo nipónico, Chu disse apenas que tem estado a receber "relatórios contraditórios" sobre a situação.
Nos últimos dias, os reactores 1, 2 e 3 sofreram danos devido a explosões e incêndios causados pelo sismo de 8,9 na escala de Richter. Ontem, os outros três reactores da central também começaram falhar e a libertar níveis perigosos de radiação para a atmosfera. A AIEA já confirmou os danos nos três primeiros reactores.
Em conferência de imprensa, Yukuya Amano, director da agência da ONU, anunciou que parte hoje para o Japão para ajudar a gerir a crise. Ao final da tarde, a Rússia veio garantir que a crise nuclear já atingiu "o pior cenário possível". A garantia foi dada à Reuters pelo responsável pela gestão das infra-estruturas nucleares da ex-URSS, Sergei Kiriyenko: "Previmos o cenário de que os outros reactores seriam afectados, o que infelizmente aconteceu ontem [anteontem]. Portanto o pior cenário possível está confirmado."
O governo japonês está a ser fortemente criticado pela maneira como lidou com o desastre de Fukushima, sobretudo pelo secretismo em torno da gravidade da situação. À admissão de que a situação está fora de controlo juntou-se o discurso do imperador Akihito, que, num acto raro, se dirigiu ontem ao país através de um discurso televisivo em que pediu à população que se entreajude para enfrentar a pior crise do país desde a Segunda Guerra Mundial.
Depois de, anteontem, um engenheiro que esteve envolvido nas limpezas de Chernobyl em 1986 ter vindo dizer que a ganância japonesa é uma das culpadas da actual situação em Fukushima, ontem foram os media a apontar armas ao governo de Naoto Kan. Um artigo do especialista em ambiente da BBC, Richard Black, fazia referência aos avanços e recuos nas comunicações oficiais sobre a situação na central.
"Ao longo dos dias, a atenção em Fukushima passou do reactor 1 para o reactor 3, para o reactor 2, de volta ao 3 e agora ao reactor 4. O primeiro acontecimento desta cadeia parece ter sido a descida do nível da água [usada na refrigeração das barras]. Porque é que isso aconteceu é que não é inteiramente claro."
Günther Oettinger, o comissário europeu da Energia, vai mais longe. Depois de referir as "evoluções catastróficas" registadas na central nuclear, Oettinger referiu-se ao facto de o governo já não saber bem o que fazer para conter a situação. "Os japoneses trabalham com bombas de incêndio, tentam despejar água com hidroaviões, já não sabem o que fazer. Podemos dizer que esta central não está controlada. Ao longo das próximas horas esperam-se evoluções catastróficas e risco para a vida das pessoas", cujo destino está agora "nas mãos de Deus", disse Oettinger aos deputados do Parlamento Europeu - um dia depois de ter classificado a situação como um "apocalipse".
O governador da província de Fukushima, Yuhei Sato, também veio criticar a actuação das autoridades na evacuação da região onde fica a central. "A ansiedade e a fúria sentidas pelas pessoas estão a atingir o limite", disse em conferência de imprensa.
Êxodo Os níveis de radioactividade em redor da central continuam a aumentar. Apesar de o governo insistir que para já não há riscos para a saúde pública, os japoneses continuam a fugir de Tóquio, situada a 240 quilómetros da central. Ontem o número de idosos, grávidas e mulheres com crianças pequenas a fugir da capital com destino a províncias do Sul foi o que mais aumentou. Os governos de países como a França e os EUA também pediram aos seus cidadãos a viver em Tóquio que abandonem a cidade rumo a Osaka.
A zona de evacuação declarada pelo governo abrange apenas os 20 quilómetros em torno da central. No entanto, outras 140 mil pessoas vivem em cidades um pouco mais afastadas e não estão a receber assistência - uma das razões que terão levado o governador de Fukushima a criticar a acção do governo. Estes habitantes foram aconselhados a não sair de casa e a fechar todas as janelas e a desligar a ventilação. O medo começa a apoderar-se das pessoas, com os níveis de radioactividade registados na zona a subirem 20 vezes acima do normal.
O secretário de Estado norte-americano da Energia, Steven Chu, disse ao Congresso que está a preparar o envio de equipamento para medir o nível da radiação libertada pelos seis reactores da central, onde ontem se registou um novo incêndio. Questionado sobre a actuação do governo nipónico, Chu disse apenas que tem estado a receber "relatórios contraditórios" sobre a situação.
Nos últimos dias, os reactores 1, 2 e 3 sofreram danos devido a explosões e incêndios causados pelo sismo de 8,9 na escala de Richter. Ontem, os outros três reactores da central também começaram falhar e a libertar níveis perigosos de radiação para a atmosfera. A AIEA já confirmou os danos nos três primeiros reactores.
Em conferência de imprensa, Yukuya Amano, director da agência da ONU, anunciou que parte hoje para o Japão para ajudar a gerir a crise. Ao final da tarde, a Rússia veio garantir que a crise nuclear já atingiu "o pior cenário possível". A garantia foi dada à Reuters pelo responsável pela gestão das infra-estruturas nucleares da ex-URSS, Sergei Kiriyenko: "Previmos o cenário de que os outros reactores seriam afectados, o que infelizmente aconteceu ontem [anteontem]. Portanto o pior cenário possível está confirmado."
O governo japonês está a ser fortemente criticado pela maneira como lidou com o desastre de Fukushima, sobretudo pelo secretismo em torno da gravidade da situação. À admissão de que a situação está fora de controlo juntou-se o discurso do imperador Akihito, que, num acto raro, se dirigiu ontem ao país através de um discurso televisivo em que pediu à população que se entreajude para enfrentar a pior crise do país desde a Segunda Guerra Mundial.
Depois de, anteontem, um engenheiro que esteve envolvido nas limpezas de Chernobyl em 1986 ter vindo dizer que a ganância japonesa é uma das culpadas da actual situação em Fukushima, ontem foram os media a apontar armas ao governo de Naoto Kan. Um artigo do especialista em ambiente da BBC, Richard Black, fazia referência aos avanços e recuos nas comunicações oficiais sobre a situação na central.
"Ao longo dos dias, a atenção em Fukushima passou do reactor 1 para o reactor 3, para o reactor 2, de volta ao 3 e agora ao reactor 4. O primeiro acontecimento desta cadeia parece ter sido a descida do nível da água [usada na refrigeração das barras]. Porque é que isso aconteceu é que não é inteiramente claro."
Günther Oettinger, o comissário europeu da Energia, vai mais longe. Depois de referir as "evoluções catastróficas" registadas na central nuclear, Oettinger referiu-se ao facto de o governo já não saber bem o que fazer para conter a situação. "Os japoneses trabalham com bombas de incêndio, tentam despejar água com hidroaviões, já não sabem o que fazer. Podemos dizer que esta central não está controlada. Ao longo das próximas horas esperam-se evoluções catastróficas e risco para a vida das pessoas", cujo destino está agora "nas mãos de Deus", disse Oettinger aos deputados do Parlamento Europeu - um dia depois de ter classificado a situação como um "apocalipse".
O governador da província de Fukushima, Yuhei Sato, também veio criticar a actuação das autoridades na evacuação da região onde fica a central. "A ansiedade e a fúria sentidas pelas pessoas estão a atingir o limite", disse em conferência de imprensa.
Êxodo Os níveis de radioactividade em redor da central continuam a aumentar. Apesar de o governo insistir que para já não há riscos para a saúde pública, os japoneses continuam a fugir de Tóquio, situada a 240 quilómetros da central. Ontem o número de idosos, grávidas e mulheres com crianças pequenas a fugir da capital com destino a províncias do Sul foi o que mais aumentou. Os governos de países como a França e os EUA também pediram aos seus cidadãos a viver em Tóquio que abandonem a cidade rumo a Osaka.
A zona de evacuação declarada pelo governo abrange apenas os 20 quilómetros em torno da central. No entanto, outras 140 mil pessoas vivem em cidades um pouco mais afastadas e não estão a receber assistência - uma das razões que terão levado o governador de Fukushima a criticar a acção do governo. Estes habitantes foram aconselhados a não sair de casa e a fechar todas as janelas e a desligar a ventilação. O medo começa a apoderar-se das pessoas, com os níveis de radioactividade registados na zona a subirem 20 vezes acima do normal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário