domingo, 9 de janeiro de 2011

“Vamos trabalhar com metas”

Emanuel AmaralBetânia Ramalho - secretária estadual de educaçãoBetânia Ramalho - secretária estadual de educação
Desde 2003 à frente da Comissão Permanente do Vestibular (Comperve) da UFRN, a professora Betânia Ramalho sempre demonstrou preocupação com as carências enfrentadas pelos estudantes saídos da rede pública e que buscavam vagas na universidade. As dificuldades eram identificadas, analisadas, divulgadas e debatidas após cada vestibular da instituição. Agora, indicada pela governadora Rosalba Ciarlini para assumir a Secretaria de Educação, a educadora terá a grande chance de transformar os diagnósticos da Comperve em ações eficientes no intuito de reduzir o grande fosso ainda existente entre a qualidade oferecida nas escolas estaduais e a ofertada pelas melhores escolas particulares. Em entrevista exclusiva à TRIBUNA DO NORTE, a nova secretária fala dos desafios e da política que pretende adotar à frente do novo cargo, faltando menos de 40 dias para o início do novo ano letivo:

Como presidente da Comperve, a senhora sempre teve contato com a rede pública de ensino. Sendo assim, qual o primeiro desafio que espera enfrentar dentro da Secretaria Estadual de Educação?

O primeiro desafio é tomar conhecimento da estrutura da secretaria e de seu funcionamento. Sabemos que em oito anos de gestões, com dez secretários, tivemos muitas interferências e descontinuidades e isso é um problema que realmente nos preocupa muito. A partir daí, vamos traçar uma política, uma política de ação. A secretaria precisa de um plano estadual de educação, precisa dessa reestruturação, precisa de uma conversa com os professores, com os diretores de escolas, porque temos de estar colocando esses alunos em sala de aula agora no dia 14 de fevereiro, que é o nosso calendário para o início do período letivo de 2011.

Então haverá um trabalho para tentar reunir as escolas e os professores nesse esforço?

Olha, é difícil chegar a todos os professores. Mas estamos chegando já aos coordenadores de seções da secretaria e vamos chegar aos diretores de Direds (Diretorias Regionais de Educação), que são 16  no Rio Grande do Norte, para começar a identificar as dificuldades e fazer um diagnóstico amplo. Porque já temos diagnósticos muito preocupantes. E vamos traçar as metas, vamos trabalhar com metas. E trabalhar na expectativa de ter uma colaboração. Estou indo (para a secretaria) em nome da universidade, com apoio do meu Departamento de Educação, que já tem uma série de ações junto à secretaria...

E que deve contribuir em seu trabalho?

Vai se somar certamente. E precisamos ter condições de trabalho, o que a governadora vem nos prometendo e realmente tem demonstrado priorizar a educação, assim como a saúde e a segurança. Ela sabe das nossas condições. E também esperamos ter um tempo, porque em um passe de mágica a gente não reestrutura nada. Aqui na Comperve trabalhamos ao longo de oito anos para ir dando passos junto com os professores da rede e não tivemos discrepância em relação a eles. Muitos estudos foram desenvolvidos.

E esses estudos acabaram refletindo as dificuldades existentes no Ensino Médio da rede pública?

Exatamente. A experiência que a Comperve nos deixa, com um amplo banco de dados, nos dá muitas condições de identificar quais são as dificuldades. Temos trabalhos que apontam todas as informações que devem ser tomadas como referência pelo sistema educacional, através das dificuldades reveladas pelos candidatos nas provas do vestibular. Esse diagnóstico possibilita a nós partirmos para um plano concreto.

Um diagnóstico já preocupante, revelado inclusive pelos secretários anteriores, é o que indica a necessidade de aproximadamente 4 mil novos professores na rede, sendo que milhares dos que integram a rede estão atualmente fora de sala de aula. Resolver esse problema é um dos pontos cruciais?

É um dos pontos cruciais, sim. A governadora e os setores de planejamento e de finanças já baixaram um decreto para identificar, através de uma espécie de chamamento dos professores, se realmente precisamos desses 4 mil professores, tendo em vista que há um número enorme de profissionais que deveriam estar em sala de aula e estão em outras funções. Só com base nesse levantamento é que poderemos saber qual a carência real. Sabemos que tem carência, lógico, mas queremos saber qual a carência real.

Perfil

Betânia Leite Ramalho é doutora em Educação e integra o grupo de pesquisadores do Departamento de Educação da UFRN. Pesquisadora do CNPq, exerce o cargo de presidente da Comperve na UFRN desde 2003. A nova secretária Estadual de Educação é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba (1979); em Tenologia em Estatística pela Universidade Federal da Paraíba (1978); especialista em Estatística Educacional pelo Cienes/Chile; mestre em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (1985) e doutora em Ciências da Educação pela Universidade Autônoma de Barcelona (1993). Foi professora adjunta do Centro de Educação da UFPB entre 1981 e 1994. Desde 1995 é Professora da UFRN, no Departamento de Educação. Foi vice presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação-ANPEd, na gestão 2000-2002, e presidente dessa mesma Associação entre 2003  e 2005. Membro da Comissão Nacional de Avaliação da Área de Educação junto à Capes, em diferentes períodos: 1997,1998, 2006 e 2008. Foi vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN (1996-1997) e Coordenadora no período 1998-2002. Nesse mesmo período foi Coordenadora do Fórum dos Programas de Pós-graduação em Educação das Regiões Norte e Nordeste. Atualmente é membro da Comissão de Especialistas do curso de Pedagogia e Normal Superior. (Sesu/MEC).

Nenhum comentário: