Com crescimento da renda, Classe C já compra mais itens para a casa do que classes A e B
Andrielle Mendes // andriellemendes.rn@dabr.com.br
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Quem é a nova namoradinha do Brasil? Desculpem-nos Cleo Pires, Isis Valverde, Paola Oliveira, cotadas para receber o título, mas a nova namoradinha do Brasil é a classe C. Basta dar uma olhada no noticiário para constatar. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto DataPopular a partir de informações do IBGE e divulgada no final do ano passado, a classe C, formada por famílias que recebem entre R$ 1.116 e R$ 4.854 por mês, lidera o consumo de móveis e itens domésticos no Brasil. Entre 2002 e 2010, os gastos da nova classe média com móveis e objetos de decoração saltaram de R$ 3,1bilhões para R$ 17,9 bilhões, representando um incremento de 569% e superando os gastos das classes A e B. Enquanto nas classes A e B, o aumento foi 2,67 vezes maior que o registrado em 2002, na classe C foi 5,69 vezes maior.
![]() Gastos com móveis e itens de decoração cresceram mais de 500% entre 2002 e 2010, chegando a R$ 17,9 bilhões Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press |
Pesquisa Observadora Brasil 2008, feita pelo Instituto de Pesquisa Ipsos e encomendada pela financeira Cetelem, revelou que móveis, eletrodomésticos, viagens e celulares eram os principais desejos de consumo da classe em expansão. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a classe C representa consumidores com alta propensão a consumir e, portanto, alvo da indústria, comércio e prestadoras de serviço.
O presidente do Sindicato da Indústria de Serraria, Carpintaria e Marcenaria do RN (Sindimóveis) e representante do setor na Federação das Indústrias do RN, Francisco Assis de Medeiros, afirma que houve incremento na produção de móveis no estado em relação a 2009, embora não disponha de números para comprovar esta afirmação. Segundo ele, o incremento foi pequeno, reflexo ainda da crise econômica mundial. "O aumento foi reflexo da ascensão da classe C, embora não tenha sido tão expressivo".
O RN segue a tendência nacional. Segundo José Freire dos Santos Júnior, gerente da loja Natal Móveis, localizada no bairro do Alecrim, a classe C lidera as compras de móveis na loja. Ele traça uma perfil do consumidor. "A maioria compara os preços, parcela as compras no cartão e tenta associar qualidade e preço baixo". Para José, os roupeiros, principalmente os que têm porta de correr, são os mais vendidos na loja. "Eles preferem móveis menores que caibam em apartamentos pequenos", explica.
A mesma situação foi relatada por Antoniel Claro, gerente de uma das quatro lojas da Maré Mansa no Alecrim. Antoniel explica que embora venda móveis e eletrodomésticos para todas as classes, a loja é voltada para a classe C. "Vendemos móveis populares", explica. Um reflexo disso são os preços baixos e as condições de pagamentos facilitadas. "O cliente pode comprar à vista, parcelar no cartão ou até no carnê".
Para Adelmo Freire, da CDL Natal, a ascensão da classe C apresenta uma nova mudança de hábitos de consumo e comportamento, forçando o mercado a se adaptar para atender a demanda dessa população. Ele destaca alguns segmentos privilegiados com esta ascensão. Entre eles, automóveis, imóveis, informática, eletrônicos. As vendas nas lojas de material de construção, por exemplo, foram impulsionadas pela construção, reforma e pequenos reparos nos lares potiguares com um volume nunca visto, conforme explica. Os automóveis, boa parte deles vendidos para classe C, "se tornaram a grande vedete de consumo", explica o superintendente.
Segundo Assis Medeiros, do Sindimóveis, as indústrias não devem mais desprezar a classe C. Pelo contrário, devem produzir móveis de acordo com as suas necessidades. "Temos em Natal representantes das lojas do Sul e Sudeste que vendem muitos móveis populares". Embora o consumo no Nordeste responda por 20% do consumo em todo o Brasil, há poucas indústrias moveleiras na região. São 1.649. Enquanto isso, há 6 mil indústrias moveleiras no Sudeste e cerca de 6.130 no Sul. No RN, há aproximadamente 200 indústrias, entre informais e formais, filiadas ao Sindimóveis.
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