Clubes potiguares se comportam como amadores quando o assunto é questão trabalhista
Luan xavier // luanxavier.rn@dabr.com.br
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No meio da semana o Diário de Natal mostrou a situação do atacante Djalma, que foi dispensado pelo América e denunciou o não recebimento de seus salários atrasados e de parte da multa da rescisão contratual. Djalma disse na matéria que teve o abastecimento elétrico de sua casa cortado por falta de pagamento e ainda recebeu ordem de despejo de seu condomínio. Assim como ele e os outros três jogadores americanos citados - Rafael Paraná, Daniel Barros e Rafael Carioca, muitos atletas profissionais do Rio Grande do Norte enfrentam problemas trabalhistas e até vivem como amadores em seus clubes, tanto na capital quanto no interior do estado. Tamanho descaso dos dirigentes, que ignoram o pensamento de profissionalizar o futebol do RN, provoca desprestígio no cenário nacional, crises financeiras viciosas e processos que se estendem durante anos na justiça, como os dos ex-jogadores do ABC, Ben-Hur e Bosco, que ainda esperam pelo pagamento dos acordos feitos com o clube ainda em2009.
A reportagem de O Poti entrevistou o presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol Profissional do Rio Grande do Norte (Safern), Felipe Augusto, para averiguar a situação trabalhista dos atletas que atuam nos times do estado. Salários atrasados, falta de pagamento de multas de recisão, acordos descumpridos e até falta de condições mínimas de trabalho são algumas das queixas dos jogadores, inclusive dos times da capital. Por isso, ABC e América acumulam processos na justiça movidos por ex-jogadores que esperam há mais de um ano pelo pagamento de seus direitos. Como em clubes de várzea, a denúncia do sindicato é que os clubes do RN sequer assinam a carteira de trabalho de seus atletas. "Os clubes daqui não assinam a carteira de trabalho. As exceções que apareçam", diz Felipe Augusto.
Recebendo "não" como resposta dos clubes para iniciar um diálogo aberto sobre a questão trabalhista dos atletas, Felipe Augusto diz que a própria Federação Norte-riograndense de Futebol (FNF) se exime das conversas sobre otema. "Certa vez eu procurei o presidente José Vanildo e ele me disse que não tinha nada a ver com isso", afirma. Mesmo afirmando que, de fato, não cabe legalmente à federação fiscalizar a questão trabalhista dos clubes, mas considera que a ação seria uma forma de buscar melhores condições da prática do futebol no estado. "A federação tem a obrigação moral de fazer esse acompanhamento", opina. Sem ter como fiscalizar a situação de todos os atletas, o sindicato está aberto às reclamações dos jogadores.
O cenário de indiferença com as condições de trabalho dos atletas e a demonstração de irresponsabilidade em relação às garantias trabalhistas dos jogadores, os clubes entram em conflito com a tão sonhada e falada profissionalização, que parece estar um pouco longe de chegar ao futebol potiguar. Na opinião do sindicato, enquanto os clubes não mudarem a postura de tratamento com os atletas o futebol do Rio Grande do Norte não alcançará reconhecimento no cenário nacional.
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