quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Obras do Ecocentro estão paradas

Marco Carvalho - repórter

As obras do Centro de Convivência Ambiental em Natal estão paradas. O Ecocentro, como é chamado, já custou mais de R$ 5 milhões aos cofres públicos e a previsão de ser finalizado ainda este ano não será cumprida. A TRIBUNA DO NORTE esteve no local abandonado, com o canteiro de obras vazio, sem segurança e constatou o atraso no andamento da construção. O espaço que servirá para gerir a reserva ambiental do Rio Grande do Norte, agora cria larvas do mosquito da dengue na lagoa existente no centro de umas das estruturas inacabadas.

fotos: ana silvaO espaço ocupa uma área de 4,6 hectares, na avenida Alexandrino de Alencar, próximo ao Ibama, mas as obras encontram-se paradas e a conclusão deve atrasarO espaço ocupa uma área de 4,6 hectares, na avenida Alexandrino de Alencar, próximo ao Ibama, mas as obras encontram-se paradas e a conclusão deve atrasar
No dia 30 de julho deste ano, o site oficial do Governo do Estado do Rio Grande do Norte  noticiava: “A unidade de preservação e conservação ambiental está com 70% das obras prontas e a expectativa da direção geral do Idema é que dentro de cinco meses a população já possa desfrutar do espaço, que abrigará diversas atividades em um ambiente adequado e confortável “.

O prazo estipulado para o projeto executado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), Petrobras (estatal do petróleo que é parceira na obra) e Exército, encerra-se no dia 31 de dezembro e certamente não será cumprido.

Isso porque o que se vê no terreno é muita sujeira e ainda faltam cabos da parte elétrica, além de mobília e toda a estrutura necessária para receber a população. Os pedaços de ferro posicionam-se de maneira incompreensível e o acesso ao local, assim como boa parte do seu entorno, ainda é de barro.

 No lugar - situado na Avenida Alexandrino de Alencar, próximo ao Ibama -, ao contrário do esperado, não se encontra pedreiros passando de um lado para o outro e agilizando a finalização do Ecocentro.

O que se vê é abandono do espaço. A obra que, de acordo com a placa informativa na frente do local, já custou R$ 5.102.728,73 cria larvas do mosquito da dengue.

Gerência

Ocupando uma área de 4,6 hectares, o Centro de Convivência Ambiental em Natal receberia a parte de gerência ambiental do Governo do Estado, como a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Conema).

No mesmo espaço está previsto também a implantação de um Centro de Documentação e Estudos Ambientais, com biblioteca, sala de aula informatizada e salas de reunião para melhor conforto aos usuários do equipamento. Além disso, um espaço multimídia, contendo informações dos ecossistemas do estado, seria disponibilizado. Espaço para lazer com trilhas, borboletário e orquidário fazem parte do projeto do centro.

Conclusão depende de convênio

De acordo com o Idema, que se comunicou através do assessor técnico Fabrício Amorim, a conclusão e a entrega dos espaço dependem de um convênio com a Petrobras. “A empresa está entrando com grande parte dos recursos da obra e nós estamos esperando um novo acordo para a parte final do Ecocentro”, disse o assessor técnico.

Segundo informações do órgão estadual de Meio Ambiente, o convênio está passando por análise na assessoria jurídica da Petrobras. “Assim que liberado o recurso, dou no máximo quatro meses para a conclusão e entrega do local. O que está faltando é o acabamento, como a montagem de condicionadores de ar e a parte de urbanização”, esclareceu Fabrício.

Quanto às constatações da reportagem da TRIBUNA DO NORTE  sobre a insegurança e presença de larvas do mosquito da dengue no local, Fabrício jogou a culpa na empresa responsável pela construção. “Até a entrega, quem deve ficar atento quanto a isso é a construtora”.

Contudo, o Idema afirmou já estar providenciando segurança para o local. “Fizemos o requerimento hoje [ontem] para que haja um policiamento 24 horas e possamos acabar com o problema”, disse o assessor do órgão.

A quantidade de recursos estipulada para o término do centro atinge o valor de R$ 3 milhões, assim como informa o site do Governo do Estado.

O engenheiro responsável pela obra, Marcus Antônio Aguiar Filho, da Certa Construtora, ratificou a justificativa do Idema. “Paramos porque os recursos se esgotaram. Estamos aguardando uma nova locação para terminar o que devemos fazer”.

Autor de projeto questiona falta de recursos

A justificativa que atribui a falta de recursos à não conclusão do Econcentro, entretanto, é posta em dúvida pelo ex-subdiretor do Idema, Eugênio Cunha. Responsável pelo projeto do Centro, Cunha disse que quando deixou o cargo, o órgão dispunha de verba suficiente não só para finalizar a construção do Ecocentro, mas também para construir o Núcleo de Interpretação Ambiental (NIA), outra de suas idealizações.

“Quando me afastei do cargo no Idema havia recurso em caixa para concluir o Ecocentro e para iniciar as obras do NIA. Ambas as verbas foram fruto de convênios com a Petrobrás e, somente para a  implantação deste último equipamento, nós tínhamos quase R$ 4 milhões garantidos”.

Eugêncio arriscou ainda uma hipótese acerca da atual escassez de recursos. Segundo ele, a falta de verba pode estar ligada à majoração dos  preços de material de construção nos últimos anos. “Quando se demora para concluir determinadas etapas, é possível que o preço dos itens sofram aumento e o orçamento passe a ser maior do que o calculado inicialmente. Talvez essa seja a motivação da falta de dinheiro”, supôs.

Em sua avaliação, o atraso que envolve construção do Ecocentro pode ser justificado pelo fato das ações do Idema não serem prestigiadas pelo governo como, observa, acontecia antigamente.

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